terça-feira, setembro 05, 2006

O Dia de Amanhã

Random, palavra inglesa para aleatório, algo que é imprevisível, indeterminado, não determístico. A realidade da vida apresenta-se como completamente aleatória. Uma mola de roupa ao cair do cimo de um prédio de 10 andares, cairá num local aleatório, isto porque a determinação do local é tão complexo como saber onde realmente está escondido o Tio Bin.
Alguém poderá ser atingdo pela mola, o que provavelmente lhe causará alguns danos, graves principalmente se a mola for feita de chumbo e cravada com rebites de aço temperado.

"Foste atingido por uma mola? É preciso ter azar." enfim, azar. Facil é chamar azar a algo que poderia ser determinado caso um conjunto de factores e variáveis fossem conhecidas. Mas não são. A probabilidade de ganhar o euro-milhões é ínfima, mas determinável. Saber a posição inicial das bolas, a velocidade da rotação da urna, o peso das bolas, etc, seriam só alguns factores que permitiria saber as bolas exactas eleitas para formar o número vencedor.

A complexidade do cálculo é tremendamente elevada, e provavelmente um computador dos dias de hoje levaria talvez milhares de anos a encontrar a solução, mas acabaria por a encontrar.

No futuro, teremos a capacidade de conhecer todos os factores que afectam qualquer um dos acontecimentos quotidianos e poderemos antecipadamente determina-los. No limite, as prórpias reacções químicas envolvidas no processo do pensamento poderão ser também determinadas, e o resultado das mesmas conhecido, resultando na previsão dos pensamentos.

Até acontecimentos passados poderão ser conhecidos. Da mesma forma que se pode reconstruir a tragectória de uma bala, de um corpo, será possível calcular como seria a realidade tanto do mundo físico, como do estado de consciencia e pensamentos de cada indivíduo.

A própria origem do Universo poderá ser descoberta: no estado inicial de Tudo, tudo o que conhecemos existia num só corpusculo inacreditavelmente denso, energético. Este estado inicial poderá ser reconstruído fazendo uma regressão, calculando cada estado para trás, até atingimos o início de tudo. A explosão "Big Bang" poderá ser reconstruída "para trás" como se premissemos a tecla de "rewind" de um videogravador.

Os acontecimentos aleatórios não existem: trata-se de um palavra cara para representar tudo aquilo que não temos capacidade e conhecimento para determinar.
A realidade onde vivemos já existe, embora não ainda instanciada, é determinável e o conjunto de cenários possiveis pode ser perfeitamente conhecido, embora estejamos ainda a anos luz de determos este poder.

Iludem-se aqueles que pensam que o factor humano tem algo a dizer: o comportamento do ser humano como ser físico, animal (algumas das vezes inteligente) é tão previsível como a trajectória de uma bala. Embora existam mais factores na mente humana, e a complexidade da previsão seja exponencialmente maior, existe sempre a possibilidade de faze-lo de um modo deterministico.

A árvore de acontecimentos é assustadoramente grande, mas todos eles relacionam-se de alguma forma. Tal como no snooker o movimento de uma bola depende do movimento da bola que atinge a primeira, os acontecimentos estão encadeados directa ou indirectamente. Nenhum acontecimento surge por si mesmo, não existe um acontecimento desconexo de todos os outros.

Duas incógnitas surgem então: o porquê o estado inicial de Tudo, e a natureza do estado final de Tudo: este último onde todos os acontecimentos convergem não permite que mais nada aconteça. Um mistério.. e depois? Depois nada.. o Fim.

A realidade já existe. Mais uma vez, a ignorância é confortável e conveniente. Desconhecer o futuro e ignorar que tudo pode ser determinado ilude-nos, e faz-nos acreditar que o mundo é cheio de indeterminações e nunca se saber o futuro de amanhã.

Desenganem-se pois um dia deixará de ser assim.

3 Comments:

At 3:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

não acredito pois contraria a dinâmica constante do universo.

 
At 3:44 da tarde, Blogger Pedro said...

Como? Se o dinamismo é constante, é determinístico, e portanto determinável e pode ser matemáticamente induzido!

 
At 1:46 da manhã, Anonymous Anónimo said...

...ao ler-te, lembrei-me de um momento de há algum tempo atrás.
Se te apetecer ler-me: http://escrever-me.blogspot.com/2004_10_01_archive.html
Eu gostei de te ler.

 

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