quinta-feira, maio 10, 2007

Padrões

A padronização está instituída em tudo o que está envolvido na vida de um indivíduo

O padrão de vida é bem conhecido: o nascer, crescer, trabalhar, casar, ter filhos, reformar e morrer. A questão não é nova: quem viu o fight club tem aí um excelente exemplo de onde eu quero chegar.

A própria música que ouvimos é composta por padrões, que num todo formam um padrão, que evolui temporalmente, mas que não se afasta do padrão inicial. A própria variação obedece a um padrão, um padrão de desvio.

Estamos confinados a padrões: a linguagem, os actos, a forma de pensar. Padronizamos tudo.
A forma de trabalhar, de organizar os nossos haveres, construimos regras para atingir um padrão.

Há já alguns anos que os padrões comportamentais das populações são estudados, e a insistência nestes estudos é uma prova da validade dos resultados. Socialmente, não é dificil de prever comportamentos, pois estes seguem padrões criados por variáveis e regras que as combinam e relacionam.

Individualmente isto já se torna mais complicado. Embora façamos parte de uma componente social, onde representamos um papel do qual é espectável um comportamento padronizado, o ser mais ínitmo é obscuro. É certo que este Eu possuí pelo menos o padrão responsável pela sua integração social, mas e quanto ao resto?

O que estará escondido em cada um de nós? Talvez eu saiba um pouco acerca do meu Eu, mas e em relação aos outros? Impersonar um ser social, imitando os seus comportamentos é possível, conhecendo-o previamente e entendendo os seus padrões sociais.

O padrão mental do Eu além de bem guardado é algo que cada indíviduo vai descobrindo durante a sua vida, vai entendo, talvez até mudando. Mas é um padrão que está reservado, aprisionado em cada ser, nascerá e morrerá connosco, e nunca ninguém o virá realmente a conhecer.

Captar padrões exteriores e estabelecer paralelos entre eles e o Eu íntimo é comum, experiência da qual permite ao indivíduo enriquecer o padrão interior.

Mas porque razão este padrão existe? Será que na realidade existe? Ou não passará de um reflexo do próprio padrão social que cria este padrão de que todos nós somos diferentes, possuíndo personalidades e formas de ver e estar na vida bem diferentes?
Existirá um ser individual, ou será uma ilusão criada pelo ser social, que cria em cada um, um sentimento de unicidade.

Apesar de existirem fisicamente indivíduos distintos, haverá a possibilidade de o padrão social funcionar como um canal entre estes vários indivíduos, que iludidos e crentes da sua unicidade, representam apenas um componente de uma rede social?

Por mais que o indivíduo tente escapar a um padrão, imediatamente cai noutro. Esta recursividade parece não ter fim, o que pode levar a pensar que talvez estejamos moldados para encontrar padrões em tudo o que nos rodeia. Que a noção de padrão existe impregnada no próprio indivíduo, impregnada pela sociedade, composta pelos indivíduos.

Talvez o mundo lá fora seja um caos, mas a ilusão padronizada da realidade seja conveiente para que a componente mental do indivíduo não caia por terra. E são os padrões e restições criadas por nós que nos comandam.

E talvez o único padrão que realmente existe é a recursiva necessidade de padronizar tudo o que nos rodeia.

1 Comments:

At 3:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

a taximona humana :)))

 

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