quarta-feira, novembro 08, 2006

O Capuchinho Vermelho e a Globalização

Era uma vez um pequeno miudo chamado Capucho (não confundir com a estrela do futebol contemporâneo - Obrigado Capuho). Capucho era uma criança nomal. Gostava de 50 Cent, Eminem (embora este último mais oldschool, segundo Capucho - desta vez o jogador de futebol) e de ver o MTV Cribs, sonhando constantemente com uma mesa de snooker banhada a ouro. Capucho tinha cerca de 12 anos. Nascido nm bairro nos subúrbios de uma grande urbe, cedo soube lidar com a vida rija e impessoal da grande cidade. Um certo dia, dirijia-se como todos as outras tardes de gazeta ás aulas para o salão de jogos mais próximo. Tinha roubado á mãe 2 euros, metade do seu rendimento mensal, pois ela trabalhava numa fabrica de fabrico de sapatos. Viviam apenas os dois em casa. O seu pai tinha fugido com uma empregada do café da sua rua há cerca de 5 anos. A caminho do salão de jogos, deparou-se com um adulto. Era alto, e falava uma língua que Capucho não percebia. Capucho evitou-o... o homem insistiu, acercando-se dele, com os olhos bem abertos, brilhantes, sem pestanejar. Foi aí que Capucho percebeu.

Uns dias antes, Rodolfo, um amigo de Capucho que até era bem sucedido na escola, pois conseguia apenas fazer gazeta duas vezes por semana, contou-lhe que tinha sido abordado pelo Kosovar Mau. Capucho riu-se. Um Kosovar Mau? Ainda se fosse um Talibandido! Mas Rodolfo, sério e pálido, virou as costas a Capucho. E foi-se embora. Capucho conhecia Rodolfo desde os 3 anos de idade.. Tinham passado por muito: apanharam pedradas com gasolina pela primeira vez, passaram a noite na esquadra juntos quando queimaram o seu primeiro caixote do lixo, alistaram-se na claque Diabos Vermelhos e até presenciaram os pais e mães de cada um á pancada (sim, os 4.. á pancada.. todos juntos). Nunca Capucho vira Rodolfo tomar semelhante atitude. Ficara preocupado.

Os olhos do Kosovar Mau olhavam para Capucho e este, despertando das memórias de Rodolfo, num reflexo, atirou areia para os olhos do Kosovar Mau, e fugiu. Correu, correu... Deu umas voltas pela cidade, certificando-se que o Kosovar Mau não o seguia. Tendo a certeza, dirijiu-se para o salão de jogos, sempre desconfiado.. de tudo e de todos.

Chegado ao salão de jogos, a primeira coisa que fez foi dirijir-se para uma máquina de jogos. Havia uma nova.. Estava num canto, mas as suas cores, luzes, sons iluminavam o salão, como o Farol de Alexandria outrora iluminou os mares mediterrâneos. Não que Capucho se soubesse o que era o Farol de Alexandria, mas acho que todos sabemos o que era.. mesmo quem não sabe, pelo nome deverá perceber a ideia.

E Capucho meteu a primeira moeda.. e a segunda... e a terceira, e a quarta... e a quinta!! Era um jogo de guerra.. Soldados feios e brutos grunhiam, disparavam, gritavam mensagens de ordem.
Jogou, jogou até se perder no tempo. Inevitavelmente as moedas acabaram.. o vicio chegou ao fim. Capucho, triste ficou a olhar para a máquina... passou 1, 2 3horas.. a olhar fixamente.
Até que sentiu um toque no ombro.. Era o Kosovar Mau!
Capucho tremeu! Capucho tremia por dentro. Toda a célula, todo o osso tremia. Capucho desmaiou.

Acordou em casa. Levantou-se e dirijiu-se para a sala. A mãe chorava. Tinha sido despedida. A fábrica onde trabalhara 30 anos falira, e comprada por uma empresa estrangeira.

Capucho triste amparou a mãe. Esta chorava.. e gritava Kosovares do C%#&$. Ao que parece a empresa tinha sido comprada por uma multinacional Kosovar.

.. e agora o fim muito resumido:
A máquina onde Capucho tinha jogado era fabricada no Kosovo. Ou seja, o puto gastou os 2 últimos euros da mãe na porcaria do jogo. O Kosovar Mau era um empregado da empresa de maquinas de jogos que andava á porta das escolas a distribuir panfletos a publicitar a nova maquina. Ele tinha os olhos brilhantes e bem abertos porque usava lentes de contacto, mas não tinha dinheiro para o líquido das lentes. O Kosovar abordou Capucho para lhe pedir que ele emprestasse uns trocos para ele comprar liquido para as lentes pois ele ja tava com os olhos a arder de os ter sempre abertos e da porcaria das lentes estarem secas..

Paralelos com a historia tradicional do Capuchinho Vermelho:
O puto naturalmente é o Capuchinho Vermelho: porque se chamava Capucho, era pequenino (Capuchinho) e pertencia á claque Diabos Vermehos. O lobo são os Kosovares. O caminho que Capucho fez para o salão é o caminho que o Capuchinho tradicional fez para a casa da avó, onde encontrou o Lobo Mau (Kosovar Mau)..
A parte da avó estar na cama e o Capuchinho não saber que é o Lobo Mau tem paralelos com a parte do Capucho a jogar á maquina e não saber que tava a dar dinheiro áqueles Kosovares Maus, que até o emprego da mãe lhe roubaram.

Moral desta história:
Ao contrário da história tradicional, esta história não acaba bem. A mãe do Capucho, ficou sem emprego, e o Capucho sem futuro garantido.

O que eu pretendo com isto:
Responder ao meu desafio de conseguir compilar/adaptar uma fábula antiga a/com situações contemporâneas.
Mostar que existem muitos lobos maus, e embora esta história fale apenas de Kosovares, o problema da imigração indiscriminada e descontrolada é muito sério. A globalização é uma ameaça séria.
Passar algum tempo morto da minha vida fazendo algo criativo


Fim